Cientistas brasileiros e
americanos vão coletar formigas no país para pesquisar novas moléculas capazes
de destruir fungos, parasitas e, talvez, até células cancerígenas. Não nos insetos
propriamente ditos, mas nas bactérias que vivem sobre suas carapaças e impedem
que suas colônias subterrâneas sejam contaminadas por fungos nocivos a sua
sobrevivência.
O projeto foi aprovado pelo
Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) e pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. O Projeto está previsto para durar
cinco anos, e o valor do financiamento ainda não foi divulgado oficialmente.
Mônica Tallarico Pupo, da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto é a pesquisadora
principal do lado brasileiro, Jon Clardy, de Harvard, lidera pelo lado
americano.
A meta, segundo Mônica, é
isolar cerca de 500 linhagens de bactérias simbiontes de formigas por ano, para
serem testadas contra fungos infecciosos (que atacam, principalmente, pacientes
com sistema imunológico comprometido), parasitas tropicais (em especial, os da
doenças de Chagas e leishmaniose) e células tumorais.
“Vamos começar pelas formigas agricultoras”, diz ela, que já desenvolve um projeto semelhante, de
menor escala, com formigas saúvas. Agora serão coletadas amostras de várias
espécies, de biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga.
Saúva "agricultora" cuidando dos fungos |
Formiga “agricultoras”
refere-se ao fato dessas formigas cultivarem colônias de fungos dentro do
formigueiro. Os pedaços de folhas que elas carregam para dentro das colônias
não é alimento para elas, mas para os fungos, que por sua vez, são os
verdadeiros alimentos das formigas. As formigas “não querem” que suas
plantações sejam contaminadas por pragas, neste caso, fungos oportunistas, que
não servem de alimentos para elas. E quem evita que elas carreguem esporos
desses fungos para dentro dos formigueiros são bactérias que vivem em suas
carapaças e destroem rapidamente esses organismos.
A meta dos cientistas é
estudar essas bactérias e descobrir as moléculas que elas usam para destruir os
fungos e verificar se essas moléculas servem como base para desenvolver novos
fármacos.
A vantagem com relação a projetos semelhantes,
que buscam moléculas com ação farmacológica na biodiversidade, é que, a “triagem inicial de bactérias já foi feito
pelas formigas", aponta Mônica.
Fonte. www.estadao.com.br
Fonte. www.estadao.com.br
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