"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre".(Paulo Freire)

terça-feira, 3 de junho de 2014

Vírus gigante na Amazônia

Saiu no "Virology Journal" - um grupo de cientistas descobriu um vírus gigante na Amazônia, denominado de Samba (SMBV). Trata-se do maior vírus isolado no país, possuindo um dos maiores genomas de sua família, os mimivirus.

Samba
A descoberta do  vírus, que habita as amebas, ocorreu a partir de uma expedição conduzida em 2011 que tinha o objetivo específico de buscar vírus gigantes. Foram coletadas 35 amostras de água do Rio Negro ao longo de 65 km a partir de Manaus.

Segundo o cientista Jônatas Abrahão, esse trabalho de pesquisa procurou provar que os vírus gigantes, ou mimivírus, estão em todos os ambientes. "Onde há matéria orgânica, como lagoas, há amebas. E amebas podem conter vírus gigantes", diz o pesquisador, em nota divulgada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O primeiro vírus gigante já descoberto - o Acanthamoeba polyphaga mimivírus (APMV) - foi encontrado pela primeira vez em 1992, mas foi um estudo publicado em 2003 que o caracterizou como vírus gigante.

Esse vírus gigante desperta interesse principalmente pela complexidade de seu genoma. No caso do vírus Samba, seu genoma apresenta 50 mil pares de bases nitrogenadas a mais que o APMV, que possui no total 1,2 milhões de bases.


A família do mimivírus também é investigada por seu possível papel em infecções respiratórias em unidades de internação hospitalar. Eles podem estar envolvidos, por exemplo, nos casos de pneumonia com causa desconhecida.

Junto ao Sampa, os cientistas também identificaram um vírus menor, batizado de Rio Negro, que atua como um parasita do vírus gigante.

Segundo Abrahão, a hipótese é que o vírus Rio Negro seja um virófago que tem o papel de controlar a expansão do vírus Samba. "Se houvesse vírus gigantes afetando as amebas, livremente e de forma intensa, estas poderiam se extingui localmente, e os vírus gigantes desapareceriam, por falta de hospedeiro". diz Abrahão.

O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da UFMG e da Universidade Aix-Marsille, na França.

Mais sobre o mimivírus

O mimivírus é uma espécie de vírus singular, parasita obrigatório do protozoário Acanthamoeba polyphaga (classe Rhyzopoda ou Sarcodina), por isso seu nome científico é Acanthamoeba polyphaga mimivirus (APMV). Mimivírus contém tanto DNA quanto RNA, ao contrário dos vírus "normais".



O seu genoma contém 1.181.404 pares de bases nitrogenadas, maior do que muitas bactérias, contém 911 genes codificadores de proteínas, muito acima do número mínimo de 4 genes necessários para um vírus existir. Análises de seu genoma identificaram genes nunca vistos em outros vírus, como genes responsáveis pelo metabolismo de açúcares, lipídeos e aminoácidos, inclusive genes responsáveis pela produção de sintetizadores de RNAt.

O mimivírus tem a capacidade de produzir proteínas pelos seus próprios meios e a capacidade de reparação do seu próprio genoma, sendo que todas essas propriedade nunca foram vistas em outros vírus. Neles 90% de seus genes são utilizáveis, apenas 10% é arquivo genético, passado genético ou entulho genético, ao contrário da maioria dos organismos.

Veja esta animação do mimivírus:


Fonte:www.virologyj.com/content/11/1/95
         www.g1.com.br

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